Sensatez e sensibilidade

Amanda participa do Icumam Lab com outros produtores e diretores (Foto: João Paulo Cardoso)

A produção executiva tem sua própria criatividade

“Cabe ao departamento de produção ter certeza de que cada membro da equipe, cada cenário, cada objeto de cena, cada equipamento, cada peça de vestuário está em seu devido lugar, a ser utilizado pelo diretor quando necessário em cada fase da produção, no contexto de prazos e orçamentos”. A definição é de Chris Rodrigues, produtor executivo de Macunaíma, que enfatiza a responsabilidade do profissional para o sucesso ou o fracasso de uma obra audiovisual.

Quando Amanda Fernandes – produtora executiva dos vídeos da Forest – está imersa em planilhas e tabelas, um observador desatento pode ter dificuldades de enxergar a complexa logística construída bloco a bloco para as futuras gravações. “Um diplomata flexível e um criativo visionário” são alguns dos perfis assumidos por este profissional, com sensatez e sensibilidade, segundo o livro O cinema e a produção.

Entre planilhas e contratos, Amanda comunica constantemente com toda a equipe (Foto: Acervo da Forest)

A criatividade faz parte do cotidiano da Amanda, que se dedica a montar o “quebra-cabeça financeiro”, seja de vídeos institucionais, seja de documentários e séries. “As melhores soluções não aparecem sozinhas na cabeça, mas precisam do contato com as outras áreas”. Ou seja, é fundamental conversar com os diretores e também entender o projeto – a inserção posterior do produto no mercado, os profissionais envolvidos, os talentos a serem contratados e como acontecerão as filmagens. Para gerir os recursos de forma eficiente, Amanda se baseia na visão artística da obra, no dinheiro e no tempo disponíveis.

Os primeiros passos da profissional neste campo foram em vídeos institucionais realizados pela Forest. “Eu não tinha claro que a produção geral e a produção executiva eram trabalhos distintos nas obras dos grandes circuitos.” Esta diferença se definiu gradativamente com as novas experiências e com a participação em cursos e laboratórios. “Acho que as pessoas estão aprendendo durante a vida toda”, enfatizou Amanda ao citar a formação com o Icumam (Instituto de Cultura e Meio Ambiente).

Segundo Chris, o produtor executivo – também chamado de line producer – realiza a supervisão administrativa, cuida do orçamento e da equipe e evita desperdícios. É função deste profissional sempre manter o controle do filme. Muitas vezes isso significa enfrentar desafios, como a busca pela locação ideal para o primeiro episódio da minissérie Cidade Invisível da Forest.

O calendário de entrega dos episódios demandou que o capítulo inicial ficasse pronto antes dos demais, aumentando os custos da produção com dois períodos de gravação. Como encontrar uma locação que caracterizasse, para o primeiro episódio, o cenário da fictícia Nova Esperança (PA) e coubesse dentro do orçamento inicial? A rede de contatos da Amanda, com a parceria de um cliente da Forest, foi a solução. A Cidade Invisível começou a ganhar vida com as cenas de floresta, filmadas em uma fazenda de reflorestamento de Mato Grosso.

O pensamento econômico, logístico e operacional contribui para quem atua na área. A produção executiva pode se tornar um caminho para entender o set de gravação e os processos envolvidos na realização de um filme. Para a Amanda, “este é um trabalho que tem intersecção similar ao do diretor. O produtor executivo não sabe tudo, mas tem que conversar com toda a equipe. O produtor percorre as diferentes áreas”.

A satisfação profissional decorre deste trabalho em equipe e da sensação de participar de algo maior. “Quando você vê o material finalizado, assiste o que o público vai ver, é uma realização”, justifica a Amanda.